O culto aos mortos, precisamente àqueles que se encontravam no purgatório, à espera do dia do julgamento final, foi estabelecido inicialmente por Odilon, Abade de Cluny, da Ordem dos Beneditinos, no final do século X e, em seguida decretado pela Igreja de Roma com o nome de Finados, a ser comemorado no dia 2 de novembro de cada ano, logo após o dia de Todos os
Santos.
É, portanto, um convencionalismo que, em princípio, não foi determinado que ocorresse nos cemitérios. Só com o tempo é que a prática adquiriu sofisticação e se fez acompanhar com velas e lágrimas, no local das catacumbas e dos mausoléus.
Também não possui o culto dos mortos nenhum amparo escriturístico, embora ele se tenha verificado de maneiras diversificadas no seio de todos os povos das eras mais remotas.
Um dos exemplos curiosos de manifestação do homem diante da morte é mencionado por Heródoto, o pai da História, conforme referência de Almerindo Martins de Castro, em REFORMADOR de novembro de 1950, no artigo intitulado “O Dois de Novembro”. Informa Heródoto que na antiga Trácia o falecimento de um ente querido era saudado jubilosamente, em face da significação da morte como uma libertação venturosa; enquanto isso, o nascimento de uma criança era recebido com lágrimas de tristeza, tendo em vista as possíveis provações a que deveria estar destinado o recém-nascido.
O Espiritismo, que é o Consolador prometido por Jesus (Evangelho de João, Capítulos XIV, XV e XVI), não sugere o chamado culto a Finados, mas elucida que a morte não existe, porquanto o túmulo constitui apenas uma forma de dar-se sepultamento ao corpo de carne depois que o Espírito o abandona.
Assim, verdadeiramente inspirado esteve o apóstolo Paulo quando, dirigindo-se aos companheiros de Corinto, esclarecia-lhes que o último inimigo a ser vencido seria a morte. Isto é, quando os homens estivessem em condição de compreender o verdadeiro sentido da vida, deixariam de ver na morte uma inimiga, uma vez que não existe morte. O que se habituou o homem a chamar morte nada mais é do que o afastamento do Espírito do corpo carnal.
Temos a convicção de que virá o dia (e não está longe!) em que o dois de novembro será comemorado nos templos religiosos e com elucidações evangélicas. Pois a função dos cemitérios é muito mais digna e muito mais consentânea com sociedades mais esclarecidas e religiosamente bem formadas.
Há duas razões para assim pensarmos. Em primeiro lugar, já o dissemos, não há morte, há vida. E esta não é do corpo mas do Espírito. E, em segundo lugar, não é nos cemitérios que os Espíritos devem ser procurados para recebimento das preces que, em seu favor, devem ser proferidas. Os cemitérios são os laboratórios de transformação das vestes carnais das almas que as abandonaram.
Os cemitérios devem ser visitados, sim, como um ambiente de respeito se ali vamos em acompanhamento ao corpo de alguém que deve ser sepultado ou se os procuramos com o objetivo sincero de meditação sobre a grandeza e sabedoria de nosso Criador e Pai.
Aproveitemos a oportunidade para elucidar aos que nos lerem, mormente se esta Revista vier a cair em mãos não-espíritas, que a chamada morte só atinge aquele que se deixou perder nos caminhos do materialismo comportamental dos vícios e das paixões e que, assim, esqueceu de Deus, o Pai que nos criou a todos não para a morte mas para a vida eterna. Há efetivamente os indiferentes ao verdadeiro sentido da vida, que nunca têm tempo para pensar no bem, realizar uma ação nobre de amor e caridade e edificar-se espiritualmente. Esses se colocam na posição de mortos-vivos, porque espiritualmente nulos.
Respeitar o sentimento e a fé dos que se fazem reter nos cemitérios em pranto e oração pelos seus “mortos” é um dever a que temos de submeter-nos por compreensão, mas em hipótese alguma devemos deixar perder-se a oportunidade (quando realmente oportuna) de esclarecer, elucidar e consolar aqueles que sofrem convencidos de que seus entes mais queridos realmente morreram, afirmando-lhes carinhosa e fraternalmente que a morte do corpo não é a morte do Espírito, e que, ao contrário, inanimado o corpo, o Espírito, agora, está mais vivo do que nunca. - Fonte: Reformador nº1976
É, portanto, um convencionalismo que, em princípio, não foi determinado que ocorresse nos cemitérios. Só com o tempo é que a prática adquiriu sofisticação e se fez acompanhar com velas e lágrimas, no local das catacumbas e dos mausoléus.
Também não possui o culto dos mortos nenhum amparo escriturístico, embora ele se tenha verificado de maneiras diversificadas no seio de todos os povos das eras mais remotas.
Um dos exemplos curiosos de manifestação do homem diante da morte é mencionado por Heródoto, o pai da História, conforme referência de Almerindo Martins de Castro, em REFORMADOR de novembro de 1950, no artigo intitulado “O Dois de Novembro”. Informa Heródoto que na antiga Trácia o falecimento de um ente querido era saudado jubilosamente, em face da significação da morte como uma libertação venturosa; enquanto isso, o nascimento de uma criança era recebido com lágrimas de tristeza, tendo em vista as possíveis provações a que deveria estar destinado o recém-nascido.
O Espiritismo, que é o Consolador prometido por Jesus (Evangelho de João, Capítulos XIV, XV e XVI), não sugere o chamado culto a Finados, mas elucida que a morte não existe, porquanto o túmulo constitui apenas uma forma de dar-se sepultamento ao corpo de carne depois que o Espírito o abandona.
Assim, verdadeiramente inspirado esteve o apóstolo Paulo quando, dirigindo-se aos companheiros de Corinto, esclarecia-lhes que o último inimigo a ser vencido seria a morte. Isto é, quando os homens estivessem em condição de compreender o verdadeiro sentido da vida, deixariam de ver na morte uma inimiga, uma vez que não existe morte. O que se habituou o homem a chamar morte nada mais é do que o afastamento do Espírito do corpo carnal.
Temos a convicção de que virá o dia (e não está longe!) em que o dois de novembro será comemorado nos templos religiosos e com elucidações evangélicas. Pois a função dos cemitérios é muito mais digna e muito mais consentânea com sociedades mais esclarecidas e religiosamente bem formadas.
Há duas razões para assim pensarmos. Em primeiro lugar, já o dissemos, não há morte, há vida. E esta não é do corpo mas do Espírito. E, em segundo lugar, não é nos cemitérios que os Espíritos devem ser procurados para recebimento das preces que, em seu favor, devem ser proferidas. Os cemitérios são os laboratórios de transformação das vestes carnais das almas que as abandonaram.
Os cemitérios devem ser visitados, sim, como um ambiente de respeito se ali vamos em acompanhamento ao corpo de alguém que deve ser sepultado ou se os procuramos com o objetivo sincero de meditação sobre a grandeza e sabedoria de nosso Criador e Pai.
Aproveitemos a oportunidade para elucidar aos que nos lerem, mormente se esta Revista vier a cair em mãos não-espíritas, que a chamada morte só atinge aquele que se deixou perder nos caminhos do materialismo comportamental dos vícios e das paixões e que, assim, esqueceu de Deus, o Pai que nos criou a todos não para a morte mas para a vida eterna. Há efetivamente os indiferentes ao verdadeiro sentido da vida, que nunca têm tempo para pensar no bem, realizar uma ação nobre de amor e caridade e edificar-se espiritualmente. Esses se colocam na posição de mortos-vivos, porque espiritualmente nulos.
Respeitar o sentimento e a fé dos que se fazem reter nos cemitérios em pranto e oração pelos seus “mortos” é um dever a que temos de submeter-nos por compreensão, mas em hipótese alguma devemos deixar perder-se a oportunidade (quando realmente oportuna) de esclarecer, elucidar e consolar aqueles que sofrem convencidos de que seus entes mais queridos realmente morreram, afirmando-lhes carinhosa e fraternalmente que a morte do corpo não é a morte do Espírito, e que, ao contrário, inanimado o corpo, o Espírito, agora, está mais vivo do que nunca. - Fonte: Reformador nº1976
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Emmanuel