sexta-feira, 27 de maio de 2011

Resumo da Biografia de Allan Kardec




Foi, com efeito, em Lião, que, A 3 DE OUTUBRO DE 1804, nasceu de antiga, família lionesa, com o nome de Rivail, aquele que devia mais tarde ilustrar o nome de Allan Kardec e conquistar para ele tantos títulos. À nossa profunda simpatia, ao nosso filial reconhecimento.
Hippolyte Léon Denizard Rivail fez em Lião os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos e colaborador. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, um pouco de todos os lados, para fundar institutos semelhantes ao de Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de substituí-lo na direção da sua escola.
Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina, tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente sua tese.
 Lingüista insigne conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua.
 No mundo das letras e do ensino, que freqüentava em Paris, Denizard Rivail encontrou a senhorita Amélia Boudet, professora com diploma de 1ª classe.
Trabalhar árduo encarregou-se da contabilidade de três casas, que lhe produziam cerca de 7.000 francos por ano; e, terminado o seu dia, esse trabalhador infatigável escrevia à noite, ao serão, gramáticas, aritméticas, livros para estudos pedagógicos superiores; traduzia obras inglesas e alemãs e preparava todos os cursos de Levy-Alvarès, freqüentados por discípulos de ambos os sexos do faubourg Saint-Germain. Organizou também em sua casa, à Rua de Sèvres, cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada, de 1835 a 1840, e que eram muito freqüentados.
FOI EM 1854 QUE O SR. RIVAIL OUVIU PELA PRIMEIRA VEZ FALAR NAS MESAS GIRANTES, a princípio do Sr. Fortier, magnetizador, com o qual mantinha relações, em razão dos seus estudos sobre o Magnetismo. O Sr. Fortier lhe disse um dia: “Eis aqui uma coisa que é bem mais extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela responde.”.
    O Sr. Baudin fez-me oferecimento no sentido de assistir às sessões hebdomadárias que se efetuavam em sua casa, e às quais eu fui, desde esse momento, muito assíduo.
  A estas informações, colhidas nas Obras Póstumas de Allan Kardec, convém acrescentar que a princípio o Sr. Rivail, longe de ser um entusiasta dessas manifestações e absorvido por outras preocupações, esteve a ponto de abandoná-las, o que talvez tivesse feito se não fossem as instantes. Uma noite, seu Espírito protetor, Z., deu-lhe, por um médium, uma comunicação toda pessoal, na qual lhe dizia, entre outras coisas, tê-lo conhecido em uma precedente existência, quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas Gálias.
Ele se chamava, então, Allan Kardec, e, como a amizade que lhe havia votado só fazia aumentar, prometia-lhe esse Espírito secundá-lo na tarefa muito importante a que ele era chamado, e que facilmente levaria a termo.
Comparecia a cada sessão com uma série de questões preparadas e
Metodicamente dispostas: eram respondidas com precisão, profundeza e de modo lógico. Desde esse momento as reuniões tiveram caráter muito diferente, e, entre os assistentes, encontravam-se pessoas sérias que tomaram vivo interesse pelo trabalho.
Se me acontecia faltar, ficavam as sessões como que tolhidas, tendo as questões fúteis perdido o atrativo para o maior número. A princípio eu não tinha vista senão a minha própria instrução; mais tarde, quando vi que tudo aquilo formava um conjunto e tomava as proporções de uma doutrina, tive o pensamento de publicá-lo, para instrução de todos. “Foram essas mesmas questões que, sucessivamente desenvolvidas e completadas, fizeram a base de O Livro dos Espíritos.”
“Não me contentei com essa verificação, diz ainda Allan Kardec, que os Espíritos me haviam recomendado. Tendo-me as circunstâncias posto em relação com outros médiuns, toda vez que se oferecia ocasião, eu a aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam mais melindrosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram seu concurso a esse trabalho. E foi da comparação e da fusão de todas essas respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas no silêncio da meditação, que formei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, a qual apareceu em 18 de abril de 1857.”
 Nota do Tradutor. BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC 12

Foi a 30 de abril de 1856, em casa do Sr. Roustan, pela médium Mlle. Japhet, que Allan Kardec recebeu a primeira revelação da missão que tinha a desempenhar.
Foi-lhe respondido que pusesse a sua idéia em execução e que não se inquietasse com o resto.
“Apressei-me em redigir o primeiro número, diz Allan Kardec, e o fiz
aparecer a Revista Espírita em1° de janeiro de 1858, sem nada dizer a pessoa alguma. Não tinha um único assinante, nem sócio capitalista. Fi-lo, pois, inteiramente por minha conta e risco, e não tive de que me arrepender, porque o êxito ultrapassou a minha expectativa. A partir de 1° de janeiro, os números se sucederam sem interrupção, e, como o previra o Espírito, esse jornal se me tornou em poderoso auxiliar. Reconheci, mais tarde, que era uma felicidade para eu não ter tido um sócio capitalista, porque estava mais livre, enquanto que um estranho interessado teria pretendido impor-me as suas idéias e a sua vontade e poderia embaraçar-me a marcha. “Só, eu não tinha que prestar contas a ninguém, por mais onerosa que, como trabalho, fosse a minha tarefa.” E essa tarefa devia ir sempre crescendo em labor e em responsabilidades, em lutas incessantes contra obstáculos, emboscadas, perigos de toda sorte. À medida, porém, que a lide se tornava mais áspera, esse enérgico trabalhador se elevava, também, à altura dos acontecimentos, que nunca o surpreenderam; e durante onze anos, nessa Revista Espírita, que acabamos de ver como começou tão modestamente, ele afrontou todas as tempestades, todas as emulações, todos os ciúmes que não lhe foram poupados, como ele mesmo relata e como lhe fora  anunciado ao ser-lhe revelada a sua missão. Essa comunicação e as reflexões de que as anotou Allan Kardec nos mostram, sob um prisma pouco lisonjeiro, a situação naquela época, mas fazem também ressaltar o grande valor do fundador do Espiritismo e o seu mérito em ter sabido triunfar:
A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas foi fundada a 1° de abril de 1858. Até então, as reuniões se realizavam em casa de Allan Kardec, à Rua dos Mártires, com Mlle. E. Dufaux, como principal médium; o seu salão poderia conter de quinze a vinte pessoas. Cedo, aí reuniu ele mais de trinta. Tornando-se, então, esse local muito acanhado e não querendo onerar Allan Kardec com todos os encargos, alguns dos assistentes se propuseram formar uma sociedade espírita e alugar outro local em que se efetuassem as reuniões. Mas era preciso, para se poderem reunir, obter o reconhecimento e a autorização da Polícia.
Allan Kardec trabalhava, então, em O Livro dos Médiuns, que apareceu na primeira quinzena de janeiro de 1861,
“Mas, isto não é tudo: o número das metamorfoses morais é, entre os
operários, quase tão grande quanto o dos adeptos: hábitos viciosos reformados, paixões acalmadas, ódios apaziguados, lares tornados tranqüilos, em uma palavra, as mais legítimas virtudes cristãs desenvolvidas, e isso pela confiança, de agora em diante inabalável, que lhes dão as comunicações espíritas, no futuro em que não acreditavam; é uma felicidade para eles assistirem a essas instruções, de que saem reconfortados contra a adversidade; muitos chegam a galgar mais de uma légua, sob qualquer tempo, inverno ou verão, tudo arrostando para não faltarem a uma sessão; é que neles não há a fé vulgar, mas a baseada sobre uma convicção profunda, raciocinada e não, cega.”.
Além das viagens e dos trabalhos de Allan Kardec, esse ano de 1861.
Permanecerá memorável nos anais do Espiritismo por um fato de tal modo monstruoso que quase parece incrível. Refiro-me ao auto-de-fé levado a efeito em Barcelona, e em que foram queimadas pela fogueira dos inquisidores trezentas obras espíritas.
A pedido dos espíritas de Lião e de Bordéus, Allan Kardec fez, em setembro e outubro, uma longa viagem de propaganda semeando por toda parte a boa-nova e prodigalizando conselhos, mas somente aos que lhos pediam; o convite feito pelos grupos lioneses estava subscrito por quinhentas assinaturas. Uma publicação especial deu conta dessa viagem de mais de seis semanas, durante a qual o Mestre presidiu a mais de cinqüenta reuniões em vinte cidades, onde por toda parte foi alvo do mais cordial acolhimento e se sentiu feliz por verificar os imensos progressos do Espiritismo.
Em abril de 1864 publicou a Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, com a explicação das máximas morais do Cristo, sua aplicação e sua concordância com o Espiritismo. O título dessa obra foi depois modificado, e é hoje O Evangelho segundo o Espiritismo.
No dia 1° de agosto de 1865, Allan Kardec fez aparecer uma nova obra – O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo, na qual são mencionados numerosos exemplos da situação dos Espíritos, no mundo espiritual e na Terra, e as razões que motivaram essa situação.
Os admiráveis êxitos do Espiritismo, seu desenvolvimento quase incrível, criaram-lhe inúmeros inimigos e, à proporção que ele se foi engrandecendo, aumentou, também, a tarefa de Allan Kardec. O Mestre possuía uma vontade de ferro, um poder de combatividade extraordinário; era um trabalhador infatigável; de pé, em qualquer estação, desde as 4 horas e meia, respondia a tudo, às polêmicas
Veementes dirigidas contra o Espiritismo, contra ele próprio, às numerosas correspondências que lhe eram dirigidas; atendia à direção da Revista Espírita e da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, à organização do Espiritismo e ao preparo das suas obras.
Esse excesso físico e intelectual esgotou-lhe o organismo, e repetidas vezes os Espíritos precisam chamá-lo à ordem, a fim de obrigá-lo a poupar a saúde. Ele, porém, sabe que não deve durar mais que uns dez anos ainda: numerosas comunicações o preveniram desse termo e lhe anunciaram mesmo que a sua tarefa não seria concluída senão em nova existência, que sucederia a breve trecho à sua próxima desencarnação; por isso ele não quer perder ocasião alguma de dar ao Espiritismo tudo o que pode, em força e vitalidade.
Em 1867 faz uma curta viagem a Bordéus, Tours e Orleans; em seguida põe novamente mãos à obra, para publicar, em janeiro de 1868, A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo. É das mais importantes esta obra, porque constitui, sob o ponto de vista científico, a síntese dos quatro primeiros volumes já publicados.
Hippolyte-Léon-Denizard Rivail - Allan Kardec - faleceu em 31 de março de 1869, na idade de 65 anos, sucumbindo da ruptura de um aneurisma.
A senhora Allan Kardec tinha 74 anos por ocasião da morte de seu esposo.
Sobreviveu-lhe até 1883, ano em que, a 21 de janeiro, se extinguiu, na idade de 89 anos, sem herdeiros diretos.
O despojo mortal de Allan Kardec repousa no Père Lachaise, em Paris.
Henri Sausse.
11 Ver “Reformador” de abril de 1957, pág. 93.
12 Recomendamos, aos que o desejarem, a leitura da obra “ALLAN KARDEC” (Meticulosa Pesquisa.
Biobibliográfica e Ensaios de Interpretação), de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, em três volumes, na.
qual se encontram valiosos subsídios para o conhecimento da vida e obra do Mestre Allan Kardec. - Nota da
FEB.

Um comentário:

A caridade não brilha unicamente na dádiva. Destaca-se nos mínimos gestos do cotidiano.

Emmanuel