Prática do Bem
Entre as luzes e bênçãos que o Espiritismo estende com exuberância a toda a Humanidade, é de grande relevância o conceito do bem e do mal por ele preciosamente definido.
A prática do bem é a via que conduz a criatura à perfeição. Essa destinação é inexorável, todavia, é o próprio ser humano que terá forçosamente que edificar seu destino e perlustrar o longo curso evolutivo.
A Divina Providência dota o Espírito de todos os atributos e instrumentos necessários para alcançar esse objetivo, mostra-lhe o caminho, dá-lhe os meios de sustentar--se através do trabalho e do próprio esforço e ensina-lhe, nas trilhas do tempo, as artes de amar e servir para poder desfrutar plenamente das grandezas e das belezas do Universo.
Descerra-lhe o dever indeclinável de respeitar as leis naturais e agir em consonância com essas disposições. Jesus legou para a eternidade o sumário insuperável das obrigações humanas: “Amar a Deus e ao próximo.”
O Espírito, ao longo da evolução, encarnado ou desencarnado, às vezes se ilude, comete erros, engana seu semelhante. Mas as Leis Divinas não contêm falhas e ninguém se furta à Soberana Justiça. Todos nós a ela estamos infalivelmente sujeitos, independentemente do nosso entendimento ou da nossa ignorância.
Temos de progredir pela vontade do Criador, de arrepender--nos das faltas cometidas e de retificar e reparar nossos erros.
Desde o início de sua jornada a alma humana dispõe da liberdade de agir para o bem ou para o mal e pode contar com os atributos que lhe são peculiares para discernir, adiantar-se ou retardar-se no caminho.
As venturas ou desditas são de sua inteira responsabilidade. Devemos, assim, ter consciência de que o mal que nosso semelhante nos faz é conseqüência da Lei de Causa e Efeito ou, em última análise, resulta em nosso próprio benefício, de conformidade com nossa reação, sem exclusão da nossa obrigação de nos resguardarmos.
É relevante não esquecermos que as leis morais estabelecem que não basta abster-se da prática do mal, é imperioso o exercício do bem. (O Livro dos Espíritos, questão 642.)
Dentre todas as obrigações morais da criatura humana, o Divino Mestre ressaltou a de amar a Deus e ao próximo, sendo que a mais legítima manifestação de amor é a prática da caridade em todas as suas variadas modalidades, tais como o exercício do perdão.
Ela pode estar expressa no trato com o rico ou com o pobre, com o forte ou com o fraco, com o malvado ou com o bondoso, com a mão que pede ou com a que agride.
Algumas vezes se torna muito penoso perdoar com o coração, esquecer agravos e ofensas, banir da consciência mágoas e ingratidões. Por isso, tanto maior a grandeza do ser humano quanto maior a sua capacidade de amar, de servir, de ajudar, de perdoar. Tais regras se aplicam a todos, porque não existe quem seja tão poderoso que não necessite de alguma coisa, nem tão carente que não possa algo doar, mesmo que seja um simples gesto.
Nas etapas iniciais da nossa vida encarnada não temos a consciência precisa da finalidade da vida, nem muitas preocupações com a morte.
Somente mais vivência nos dá condição de avaliar ações praticadas, discernir melhor o bem e o mal que promovemos no curso da existência.
Jamais é cedo ou tarde para nosso arrependimento de faltas cometidas. Contudo, as vidas mais longas permitem melhores ensejos para o imprescindível arrependimento por deslizes cometidos, a fim de poder tornar possível uma reparação justa e um resgate necessário. A Divina Providência sempre nos dá a oportunidade de corrigir nossos erros.
O exercício do bem é uma via luminosa de progresso para a conquista da verdadeira felicidade.
Texto extraído da Revista Reformador. Abril/2005, p38.
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A caridade não brilha unicamente na dádiva. Destaca-se nos mínimos gestos do cotidiano.
Emmanuel