O ser ...
Dos automatismos
primevos nas fases iniciais da busca da sensibilidade, passou para os instintos
básicos até alcançar a íntelígêncía e a razão, que o projetarão em patamar de
maior significado , quando a sua comunicação se fará, mente a mente, adentrando
-se, a partir dai; pelos campos vibratórios da intuição.
....Porque
o trânsito no instinto animal foi de demorada aprendizagem, na experiência
humana ainda predominam aqueles fatores afligentes que a lógica, o pensamento
lúcido e a razão se empenham por substituir.
... A
herança animal, no entanto, que o acostumara a tomar, a impor-se, a
predominar, quando mais/arte, se transformou em conflito psicológico, quando
no convívio social inteligente as circunstâncias não facultaram
esse procedimento primitivo.
... O
sexo, nesse imenso painel de experiências, na condição de atavismo
predominante dos instintos primários essenciais, desempenha papel importante
no processo da saúde psicológica e mental, não olvidando também a de natureza física.
Pela exigência reprodutora, domina os campos das necessidades do
automatismo orgânico tanto quanto da emoção, tornando-se
fator de desarmonia, quando descontrolado, ou precioso contributo para a
sublimação, se vivencíaddo pelo amor.
...
Psicopatologias graves ou superficiaís têm sua origem na conduta sexual
frustrante ou atormentada, insegura ou instável, em razão das atitudes
anteriores que promoveram os conflitos que decorrem daquelas atitudes
infelizes.
,,,Não obstante, a
contribuição psicoterapêutica do amor é de inexcedível resultado, por
direcionar-se ao Si profundo, restabelecendo o interesse do paciente pelos
obgetivos saudáveis da vida, de que se díssocira.
O amor tem sido
o grande modificador da cultura e da cívilização, embora ainda remanesçam
costumes bárbaros que facultam a eclosão de tormentos emocionais complexos...
.... O amor é substância criadora e mantenedora do Universo, constituído
por essência divina.
É um
tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se enriquece à medida
que se reparte.
Mais se
agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se
irradia.
... O
prazer legítimo decorre do amor pleno, gerador da felicidade, enquanto o comum
é devorador de energias e de formação angustiante.
O amor atravessa diferentes fases: o infantil, que tem caráter possessivo, o
juvenil, que se expressa pela insegurança, o maduro, pacificador, que se
entrega sem reservas e faz-se plenificador.
Há um período em
que se expressa como compensação, na fase intermediária entre a insegurança e
a plenificação, quando dá e recebe, procurando liberar-se da consciência de
culpa.
O estado de
prazer difere daquele de plenitude, em razão de o primeiro ser fugaz, enquanto
o segundo é permanente, mesmo que sob a injunção de relativas aflições e
problemas-desafios que podem e devem ser vencidos.
Somente o amor
real consegue distingui-los e os pode unir quando se apresentem esporádicos.
O desejo, que
leva ao prazer, pode originar-se no instinto, em forma de necessidade violenta
e insopitável, tornando-se um impulso que se sobrepõe à razão, predominando em
a natureza humana, quando ainda primitiva na sua forma de expressão. Nesse
caso, torna-se imperioso, devorador e incessante. Sem o controle da razão,
desarticula os equipamentos delicados da emoção e conduz ao desajuste
comportamental.
É voraz e
tormentoso, especialmente na área genésica, expressando-se como erotismo,
busca sexual para o gozo.
Em esfera mais
elevada, torna-se sentimento, graças à conquista de algum ideal, alguma
aspiração, anseio por alcançar metas agradáveis e desafiadoras, propensão à
realização enobrecedora.
Dir-se-á que as
duas formas confundem-se em uma única, o que, para nós, tem sentido diferente,
quando examinamos a função sexual e o desejo do belo, do nobre, do harmonioso,
em comparação àquele de natureza orgânica, erótica, de compensação imediata
até nova e tormentosa busca.
O desejo
impõe-se como fenômeno biológico, ético e estético, necessitando ser bem
administrado em um como noutro caso, a fim de se tornar motivação para o
crescimento psicológico e espiritual do ser humano.
É natural,
portanto, a busca do prazer, esse desejo interior de conseguir o gozo, o
bem-estar, que se expressa após a conquista da meta em pauta.
O prazer
depende, não raro, de como seja considerado. Aquilo que é bom, genericamente
dá prazer, abrindo espaço para o medo da perda, das faltas, ou para as
situações em que pode gerar danos, auxiliando na queda do indivíduo em
calabouços de aflição.
Muitas pessoas
consideram o prazer apenas como sendo expressão da lascívia, e se olvidam
daquele que decorre dos ideais conquistados, da beleza que se expande em toda
parte e pode ser contemplada, das inefáveis alegrias do sentimento afetuoso,
sem posse, sem exigência, sem o condicionamento carnal.
Por uma herança atávica,
grande número de pessoas tem medo do prazer, da felicidade, por associá-lo ao
pecado, à falta de mérito, que se tornaria uma dívida a resgatar,
ensejando à desgraça vir-lhe empós, ou, talvez, como sendo uma tentação
diabólica para retirar a alma do caminho do bem.
Tal castração
punitiva, que se prolongou por muitos séculos, ao ser vencida deixou uma certa
consciência de culpa, que liberada, vem conduzindo
uma verdadeira legião de gozadores ao desequilíbrio, ao abuso, ao
extremo das aberrações.
Como efeito
secundário, ainda existem muitas pessoas que temem o prazer ou que procuram
dissimulálo, envolvendo-o em roupagens variadas de desculpismos, para acalmar
seus conflitos subjacentes.
Acentuamos,
porém, que o prazer é uma força criadora, predominante em tudo e em todos,
responsável pela personalidade, mesmo pela esperança. Muitas vezes, é
confundido com o desejo de tudo possuir, a fim de desfrutar, mais tarde, da
cornucópia carregada de todos os gozos, preferentemente o de natureza sexual.
Wilhelm Reich, o eminente autor da Bioenergética, centrou, no
prazer, todas as buscas e aspirações humanas, considerando que a pessoa é
somente o seu corpo, e que este é constituído por um sistema energético, que
deve ser trabalhado, sempre que a couraça bloqueie a emoção, propondo como
terapia a Teoria dos Anéis, a fim de, através da sua aplicação nas couraças
correspondentes, poder liberar a emoção encarcerada.
Tendo, no corpo
somente, a razão de ser da vida, Reich tornou-se apologista do prazer carnal,
sensual, capaz de levar ao estado de felicidade psicológica, emocional.
A natureza
espiritual do ser humano, no entanto, não mereceu qualquer referencial de
Reich, assim como de outros estudiosos do comportamento e da criatura em si
mesma, na sua complexidade, ficando em plano secundário.
Desse modo, o
desejo e o prazer se transformam em alavancas que promovem o indivíduo ou abismos
que o devoram.
A essência da
vida corporal, no entanto, é a conquista de si mesmo, a luta bem direcionada
para que se consiga a vitória do Self, a sua harmonia, e não apenas o gozo
breve, que se transfere de um estágio para outro, sempre mais ansioso e
perturbador.
amor imbatível amor (introdução)
JOANA DE ANGELIS.
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Emmanuel