sábado, 25 de fevereiro de 2012

Evangelização da infância



Clara Lila Gonzales de Araújo
Evangelização da infância
Ação edificante e duradoura

A passagem em destaque, contida na “Parábola do Semeador”, se expressa na ação da evangelização espírita infantojuvenil, no seu sentido amplo: semeiam os evangelizadores quando trabalham em benefício da divulgação do Espiritismo; semeiam as crianças e os jovens, ao serem evangelizados, na busca da segurança moral e do amor, indispensáveis à felicidade do ser; semeiam os pais ao atenderem às responsabilidades que lhes são conferidas nos cuidados a se ter para com os filhos, encaminhando-os às escolas de evangelização; e semeiam os dirigentes espíritas, ao avaliarem a importância dessa tarefa nobilíssima, que é desenvolvida e organizada nas unidades fundamentais do Movimento Espírita, que são: os centros, os grupos e as demais instituições.             

O Espírito Emmanuel, em mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, no ano de 1938, e reproduzida em Reformador de agosto de 2011, devido à sua plena atualidade, observa:    

[...] Nenhuma mensagem do mundo espiritual pode ultrapassar a lição permanente e eterna do Cristo, e a questão, sempre nova, do Espiritismo é, acima de tudo, evangelizar, ainda mesmo com sacrifício de outras atividades de ordem doutrinária.    A alma humana está cansada de ciência sem sabedoria e, envenenado pelo pensamento moderno, o cérebro, nas suas funções culturais, precisa ser substituído pelo coração, pela educação do sentimento.        O Evangelho e o trabalho incessante pela renovação do homem interior devem constituir a nossa causa comum [...].           

Ora, a infância é a fase mais profícua para motivar o desabrochar das capacidades e aptidões dos indivíduos favorecendo a sua evangelização. Sobre essa asserção, os Espíritos superiores afirmam:   Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.

E concluem, em outra questão de O Livro dos Espíritos:          

[...] Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem.A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas [...].       

É nesse período fértil que as crianças devem receber as orientações iniciais de uma boa educação moral-cristã, que lhes permita, na idade adulta, aplicar as leis divinas sem transgredi-las, e que poderá livrá-las dos descomedimentos futuros a que estão submetidos todos aqueles que não foram preparados para proceder corretamente, esforçando-se para tudo fazer pelo bem do próximo. O homem “praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira”.5 Ao analisar essa assertiva, Allan Kardec conclui, apropriadamente:           Já nesta vida somos punidos pelas infrações, que cometemos, das leis que regem a existência corpórea, sofrendo os males consequentes dessas mesmas infrações e dos nossos próprios excessos. Se, gradativamente, remontarmos à origem do que chamamos as nossas desgraças terrenas, veremos que, na maioria dos casos, elas são a consequência de um primeiro afastamento nosso do caminho reto.              Desviando-nos deste, enveredamos por outro, mau, e, de consequência em consequência, caímos na desgraça.6           

Sem crer em Deus e na sua justiça, sem a certeza da imortalidade da alma e da pluralidade das existências, sem conhecer e empregar as leis morais, que irão nortear as responsabilidades individuais por todos os atos bons ou maus que cometemos, determinando as provas e resgates futuros, torna-se muito difícil a compreensão do verdadeiro significado da vida na Terra. É preciso preparar os Espíritos encarnados, a partir da mais tenra idade, ensinando-lhes esses pensamentos, de acordo com o estágio de desenvolvimento e da capacidade cognitiva que apresentem, sem esperar que cresçam desprovidos desses conhecimentos, até que se hajam esclarecidos pelos estudos mais acurados da Doutrina e pelas experiências significativas a serem vividas na fase adulta. Portanto, nada é mais útil para a evangelização das pessoas espíritas do que fazê-las refletir, desde pequenas, sobre os princípios elementares do Espiritismo, trocando as conquistas e os interesses transitórios por aquisição de proveitos espirituais.           

Ao avaliarmos os efeitos que acarretam a falta de cuidado dos pais na orientação religiosa dos filhos, recordamos os compromissos assumidos por eles, pois, como adeptos do Espiritismo, “a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo”.7 Não permitir que as crianças frequentem as aulas de evangelização espírita-cristã, com a desculpa de que no futuro poderão escolher por si mesmas os caminhos doutrinários a serem trilhados, é tornar-se indiferente ao destino dos seres que acolheram no abrigo familiar, sem lhes dar a chance de saber sobre as coisas espirituais e de afastar-se da preponderância do materialismo: [...] 

As ideias espíritas, ao contrário, são um penhor de ordem e tranquilidade, porque, pela sua influência, os homens se tornam melhores uns para com os outros, menos ávidos das coisas materiais e mais resignados aos decretos da Providência.8           

Considerando-se que o egoísmo e o orgulho prejudicam enormemente a maioria dos homens, por que não conceder aos filhos a oportunidade de adquirirem qualidades que lhes possibilitem conquistar a paz no cultivo da caridade legítima? É possível remediar esse mal desde cedo, motivando os filhos para a vivência de certos deveres cristãos como fonte primeira para o seu aperfeiçoamento no porvir? O bondoso Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, em comunicação obtida pela médium Yvonne A. Pereira, na noite de 11 de agosto de 1966, no Rio de Janeiro, dá sua opinião sobre o tema, asseverando:           

O lar é a grande escola da família, em cujo seio o indivíduo se habilita para a realização dos próprios compromissos perante as Leis de Deus e para consigo mesmo, na caminhada para o progresso. É aí [...], que a criança, o cidadão futuro [...] se deverá educar, adquirindo aquela sólida formação moral- -religiosa que resistirá, vitoriosamente, aos embates das lutas cotidianas, das provações e mil complexos próprios de um planeta ainda inferior. [...]9               

Mais à frente, na mesma mensagem, alerta-nos ele:          

Se se descurou, porém, a educação na primeira infância, a puberdade e a adolescência tornar--se-ão fases de orientação mais difícil. [...]10          

Os seres humanos passam por importantes ciclos evolutivos, procurando, na atualidade, respostas às suas indagações, sobretudo para manter as ideias cristãs que lhes aclarem as mentes e os sustentem em ocasiões tão críticas. Buscam a fé raciocinada para libertarem-se dos intrincados dogmas das demais crenças, que não interpretam com coerência a doutrina de Jesus, por não oferecerem amparo e esclarecimentos genuínos às criaturas, levando-as a suportar melhor esses instantes de aflitivas transições. O Espírito Emmanuel, ao falar da educação evangélica, destaca a importância da chegada do Consolador prometido pelo Mestre para “o esforço de regeneração em cada indivíduo”11 e justifica que a sua “palavra bate insistentemente nas antigas teclas do Evangelho cristão, porquanto não existe outra fórmula que possa dirimir o conflito da vida atormentada dos homens”.12 Por meio da evangelização, faremos despertar, nas almas infantis, mudanças em suas disposições morais, diminuindo as influências materialistas e fazendo-as pensar e sentir de outra maneira, certos de que “toda a tarefa, no momento, é formar o espírito genuinamente cristão; terminado esse trabalho, os homens terão atingido o dia luminoso da paz universal e da concórdia de todos os corações”.

Revista Reformador.
            


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Emmanuel